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Gazeta do Povo - 13 de janeiro de 2003

FERNANDO SCHELLER

Obras mostram que o tema emissão de moeda era discutido em 1735
Editora lança clássicos inéditos em português

A maioria dos textos tem como foco a produção e o comércio

OLHAR PARA O PASSADO E A MELHOR forma de se entender o presente. Dentro desse conceito, a Segesta Editora, de Curitiba, está lançando obras inéditas de grandes pensadores da economia mundial. A maioria dos textos reunidos pelo proprietário da editora, o italiano Andréa Vicentini, tem como foco a produção, a moeda e as trocas comerciais. São temas que podem ser relacionados hoje com o superávit da balança comercial brasileira, com a tecnologia da produção agrícola nacional e com a taxa de juros básica do pais, em curva ascendente desde o segundo semestre de 2002.

O mais recente livro lançado pela editora — Ensaio sobre a Natureza do Comércio em Geral, do irlandês Richard Cantillon — mostra a importância do cuidado com os setores produtivos para se garantir a estabilidade da economia, na avaliação do professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fábio Scatolin.

De acordo com o professor, a obra mostra como é importante respeitar as fases da produção, enfatizando a importância do trabalho, um conceito que deve voltar à moda no governo do presidente Luiz Inâcio Luia da Silva (PT). Scatolin considera que o livro ressalta que a ordem de importância da economia - produção, financiamento, distribuição - não pode ser invertida. "Se a terra é a mãe, o trabalho é o pai da riqueza social", disse, parafraseando Cantillon.

O proprietário da editora, que também é economista, comenta que o grito "Exportar ou Morrer", dado por Femando Henrique Cardoso (PSDB) no ano passado, acabou se transformado em "Exportar e Morrer", por causa da falta de planejamento estratégico do governo. “O milho foi vendido, os armazéns estão vazios e os produtores de suínos, de frango e de gado não tem como alimentar seu rebanho. Dentro da economia política, o governo tem que intervir, proteger os setores e evitar a especulação”, ressalta.

No livro Economistas Políticos — o segundo lançamento da Editora Segesta — há textos de pensadores como Adam Smith, Turgot, David Ricardo e até mesmo de Benjamin Franklin, que entrou para a história como o inventor do pára-raios. No passado, lembra Scatolin, "os economistas não eram burocratas, mas filósofos, pensadores, comerciantes, gente que falava de maneira prática, e não baseada em números". No Brasil, a economia estava ligada ao curso de Direito até o início do século.

Benjamin Franklin discute, em seu texto, um tema bastante atual: a emissão de moeda. O economista e filosofo Másimo Della Justina, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, lembra que Franklin era defensor da emissão de papel-moeda, uma vez que, com mais dinheiro em circulação haveria mais emprego e crescimento econômico, com juros menores. Por outro lado, muito dinheiro em circulação — e, conseqüentemente, mais consumo; — podem levar à inflação.

É interessante observar, de acordo com Della Justina, que enquanto Franklin discutia esse tema em 1735, o Brasil passou por duas fases distintas em relação à emissão de moeda. Nos anos 80, o déficit brasileiro era financiado por meio da impressão de mais dinheiro. A partir de 1994, o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) passou a dizer não ao aumento da quantidade de moeda em circulação, com medo da volta da inflação.

LIVROS PUBLICADOS
Da Moeda, de Ferdinando Galiani (1728-1787): Galiani é considerado um dos grandes iluministas italianos. Suas obras contribuiram muito para o desenvolvimento da Economia Política do país;

Economistas Políticos: o livro reúne textos de Adam Smith, William Petty, Nicholas Barbon, Benjamin Franklin, Turgot e David Ricardo. Todos falam sobre a economia real, tocando em assuntos como inflação, emissão de dinheiro e agricultura. Os textos foram escritos entre os séculos 17 e 19;

Ensaio sobre a Natureza do Comércio em Geral, de Richard Cantillon: O livro defende que a terra e o trabalho são a fonte de toda a riqueza do homem. Neste sentido, Cantillon defende que, ao tirar da terra o seu sustento, o homem transforma os recursos naturais em riqueza. Os editores lembram que a linguagem do autor é direta e suas considerações podem ser aplicadas à realidade atual.

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