Segesta Editora

Este é um livro escrito a quatro mãos. Por dois amigos.

Daniela Vicentini e Fernando Burjato se conheceram na Escola de Música e Belas Artes do Paraná e desde então, mesmo seguindo caminhos diferentes conversam muito sobre arte, entre outras coisas.

Muitas destas conversas aconteceram em frente aos trabalhos. Testemunhei uma delas quando visitamos uma exposição de Iberê Camargo em São Paulo. A experiência com a obra presente, em escala, cor, textura e cheiro, era alimentada na ocasião pelo diálogo entre eles, que resultava, por sua vez, de muitas conversas anteriores. Ler os textos produzidos para este livro me fez recordar esta situação, agora acompanhada de um convite para aproximações possíveis com as obras.

A diferença é que, naquela exposição, quando eu ouvia as falas sobre Iberê, identificava um ou outro, duas vozes, e neste livro há um único discurso, que resulta de diálogos, mas estes se encontram de tal forma entrelaçados que não permitem mais a distinção imediata de um ou outro autor. Se o fio condutor destes textos não é uma historia da arte, como afirmam os próprios autores, as reflexões desenvolvidas em cada capítulo aproximam o leitor dos trabalhos analisados, mas alimentam também uma compreensão possível de outras obras, que guardem alguma proximidade com estes objetos.

Se, instigado por estas conversas sobre arte, o leitor visitar alguns museus, talvez para conferir os textos ou até para discordar deles, este livro terá atingido um de seus objetivos - criar e estreitar laços das pessoas com o patrimônio artístico que lhes pertence; mas se, mesmo com tantos convites, as pessoas realizarem somente a leitura do texto, ainda assim considero que o objetivo foi atingido, pois, do modo como foi construído, este não é apenas um livro sobre os acervos na cidade de Curitiba, nem sobre história da arte brasileira: é um livro sobre arte.

Simone Landal
Abril de 2010